domingo, 10 de outubro de 2010

Os Estranhos – The Strangers (2008)

O desconhecido é algo assustador. Ele é o protagonista de Os Estranhos. Longa de estréia de Bryan Bertino. Tudo que é oferecido ao espectador é o texto de abertura, mais nada.

“O que você vai assistir é inspirado em fatos reais. De acordo com o FBI, estima-se que 1,4 milhão de crimes violentos ocorrem nos Estados Unidos todo ano. Na noite de 11 de fevereiro de 2005, Kristen McKay e James Hoyt foram ao casamento de uns amigos e retornaram para a casa de verão da família Hoyt. Os eventos brutais que ocorreram naquele lugar ainda não são inteiramente conhecidos.”

Essa semana mesmo, conversando sobre filmes de terror, exaltei O Último Exorcismo por se tratar de um terror sem pipocos. Sem sustos, daqueles que curam soluços. É a situação que assusta. Não é assim com Os Estranhos. O filme parece um trem fantasma. Você sabe que a qualquer momento será surpreendido com um susto inusitado. E esse ambiente pôs por água abaixo minha idéia de que o bom terror não pode fazer uso da tensão que espera, com certo masoquismo, qual será o próximo susto que iremos tomar.

A cena inicial é bem interessante. Mostra um casal que se gosta muito voltando de uma festa. A ação inesperada de James em pedir a mão Kristen (Liv Tyler) causa constrangimento, evidenciado em uma bela cena: Interior de um carro. O sinal vermelho, aparentemente interminável, ilumina as lágrimas de Kristen. Tudo dá a entender que James perdeu o timing. Não era o momento. De nada valeria agora ter deixado tudo preparado para uma noite romântica. Rosas espalhadas na casa e garrafa de champanhe construíam o cenário do fracasso da tentativa de James. Restava para o casal agora o descanso. Tirar as rosas da banheira para um bom banho e beber champanhe, no bico da garrafa, para relaxar. O casal estava derrotado. Tanto James que imaginou eternizar o momento quanto Kristen que não estava bem em ver tudo isso acontecendo.

O que é visto em diante é um cenário único. A casa. É aí que o casal será aterrorizado. O medo do desconhecido e o descontrole da situação sintetizados na recorrente pergunta de Kristen aos invasores. “Por que estão fazendo isso com a gente?”. Uma atuação arrepiante de Liv Tyler. Seu rosto tão delicado reforça a personagem que se mostra indefesa dentro da própria casa. O contraste das feições de Tyler com os rostos congelados dos mascarados invasores reforça as situações de terror. Muitos sustos permeiam todo o desenrolar do filme.

Trata-se de um filme que irá deixar espectadores inquietos, até revoltados, com o seu final. No início é dito que o filme é baseado em fatos reais. Já o diretor fala que tudo surgiu através de uma situação vivida por ele na infância. Uma frase enigmática é deixada no final. “Será mais fácil da próxima vez”. Parece que o diretor bebeu muito na fonte de David Lynch. Pelo menos foi o que senti ao ver Liv Tyler escondida dentro de um guarda-roupas a observar o invasor (Isabella Rossellini fizera o mesmo em O Veludo Azul ao invadir e observar Dennis Hopper pelas frestas do guarda-roupas).

Um comentário:

Suzana Flag disse...

Não lembro mais de Veludo Azul. É uma boa pra rever. Os Estranhos me surpreendeu. Como eu costumo dizer, sempre respeito os suspenses que não recorrem a musiquinhas pra causar tensão e barulhos pra assustar...porque usando isso, até eu faço um filme de terror.
:)