quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Louca Paixão – Turks Fruit (1973)




Paul Verhoeven é um diretor muito esquisito. Sua esquisitice não é comparável a de nenhum diretor da atualidade. Talvez sua nacionalidade influencie seu modo de filmar. Na Holanda tudo é diferente, assim como o cinema de Verhoeven.

Na década de 80 seus filmes eram campeões de bilheteria nos Estados Unidos. Para um produtor executivo a presença do holandês na direção era sinônimo de lucro. Ele filmou “Robocop”, “O Vingador do Futuro” e “Instinto Selvagem”. O ascendente sucesso barrou em um filme. “Showgirls (1995)”. Ganhador do Prêmio Framboesa de Ouro (piores do ano), Paul Verhoeven foi o único diretor da história a participar de cerimônia. Desde então filmou muito pouco. Starship Troopers é outro filme que também é classificado como fracasso de crítica.

Bombardeado pela crítica americana (sedenta de novos blockbusters de sucesso), Paul Verhoeven decidiu voltar à Holanda e lá recomeçar a filmar. O diretor incompreendido volta a seu país natal em busca da inspiração que o fez despontar como diretor autêntico. E “Louca Paixão” é um dos marcos da sua fase holandesa como diretor.

O elenco é de filme hollywoodiano. Paul Verhoeven na direção, Jan de Bont (“Velocidade Máxima” e “Twister”) na direção de fotografia e Rutger Hauer (“Blade Runner”) como portagonista. O filme, porém, mostra tudo o que Hollywood não quer ver.

Rutger Hauer é Eric Vonk. Artista plástico acostumado a ter relações casuais com diversas mulheres até o momento que conhece Olga e é tomado por uma paixão que o descontrola (mais do que já é!). Dessa paixão sentimentos diversos são extraídos.

A paixão dos dois é levada aos limites dos sentimentos e do corpo. Há um gosto, tanto do diretor quanto dos protagonistas, pela transgressão. Verhoeven transgride com imagens exageradas (algumas beiram a escatologia) sem moderação alguma.

O filme vale pela curiosidade em saber como era o cinema de Paul Verhoeven antes de sua fase americana. Interessante também é como são mostrados os dois jovens na década de 70. Pessoas sem preocupação. Frutos de pais que nasceram próximos a guerra e que aparentemente não conseguem colocar limites à geração seguinte.

Paul Verhoeven mostra-se como um cineasta cru em uma sociedade aparentemente sem limites. Se para alguns a Holanda é um lugar onde quase tudo é permitido, Verhoeven não pensa diferente. Tanto é que está preparando sua volta às origens.


Aqui, um vídeo com cenas do filme. Esqueça a música da Enya. Ela dá a falsa impressão do que realmente se trata o filme

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