sábado, 11 de junho de 2011

Fenda no Tempo - The Langoliers (1985)

Stephen King é conceituado como mestre do suspense e terror. Realmente suas obras literárias são instigantes em grande parte. No caso de Fenda no Tempo, uma minissérie de apenas dois capítulos transformada em um telefilme, o resultado final faz de Stephen King um autor questionável em relação ao título de mestre.

Logo de início a fotografia de telefilme desestimula. Cores vibrantes não combinam com terror. O diretor Tom Holland não se preocupa com isso e compõe um cenário de extremo mal gosto. Tudo isso dentro de uma indefinição quanto ao gênero da película. Não é terror, não é suspense, não é ficção científica, não é trash. A intenção e resultado de colocar tais elementos no mesmo filme é quase a mesma frustração de uma criança ao misturar guaraná com coca-cola.

A premissa do filme é interessante. Em um vôo noturno, passageiros desaparecem misteriosamente do avião. As dez pessoas remanescentes, que estavam dormindo, se deparam diante de um mistério. Bob Jenkins (interpretado pelo veterano Dean Stockwell) é o alter ego de Stephen King. Teorias com questões metafísicas absurdas são aventadas a cada momento pelo escritor que recebe a colaboração dos outros passageiros, como se o conhecimento da cultura nerd sci-fi fosse algo de domínio publico.

A caracterização dos personagens é ruim. Estereótipos sobram a ponto de não haver sequer um personagem interessante. Aqui vai o destaque para a chatice de uma menina cega pré-adolescente que parece ter algum poder psíquico. Craig Toomy é um executivo tresloucado com traços esquizóides. É tão ridículo que é engraçado. O ator Bronson Pinchot deve ter se divertido à beça ao interpretá-lo. Através dele é que nos familiarizamos com o termo Langoliers (título original em inglês). Seriam monstros que devoram crianças preguiçosas e de notas ruins no colégio. São peludos, cheios de dentes e pés para alcançar tais crianças.

Qual a relação entre os elementos iniciais e instigantes do filme têm com esses monstros? Talvez o título em português conseguiu superar o original dessa vez. Todo o clima claustrofóbico e misterioso dentro do avião some para podermos entrar em um filme cheio de efeitos especiais toscos que provavelmente são incompatíveis com as descrições do livro.

Uma estória para impressionar. Não pela criatividade e roteiro e sim pela falta de respeito a Stephen King. O pior de tudo é que o mesmo faz uma ponta no filme. Sinal do tanto que sua literatura se vende facilmente.

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