sábado, 16 de outubro de 2010

Atividade Paranormal – Paranormal Activity (2007)


Quando A Bruxa de Blair foi lançado em 1999 fiquei com a sensação de que estávamos diante de um novo gênero de terror. Atores com os mesmos nomes dos personagens, etilo documental, câmera em primeira pessoa em todo o filme e pessoas diante de um perigo que poderia estar ao alcance de qualquer um. Saí do cinema entusiasmado. Senti que estava diante de um cinema de vanguarda. A repercussão não foi assim. O filme foi taxado como irritante. As pessoas se preocuparam mais com o balanço da câmera e o circo que fora montado pela internet para a divulgação do filme se tornou o prato cheio para reclamações. Aquele exigente “eu esperava mais”. Mas na minha concepção, A Bruxa de Blair é um dos melhores filmes de terror já feito. Que os críticos não me escutem mas é o que penso.

Dez anos depois estamos diante de um fenômeno parecido. Filme de baixo orçamento com uma boa estratégia de marketing. É dito que Steven Spilberg (um dos financiadores da distribuição) devolve o filme, após assisti-lo, em um saco preto de lixo dizendo que o mesmo foi responsável por tê-lo deixado trancado em casa inexplicavelmente. Dessa vez, diferente de A Bruxa de Blair, os criadores não tentam convencer que as filmagens são documentos reais. Sabemos que se trata de uma ficção, mesmo porque a filme já ganhou uma ampla distribuição em todo o mundo. A Bruxa de Blair cresceu aos poucos, no boca a boca, com os diretores (sim, eram dois) afirmando que parte do que acontecera era real. Toda essa mística criou certa irritação no meio cinematográfico. Atividade Paranormal fugiu disso e foi direto às grandes bilheterias.

O filme retrata um casal de namorados, Micah e Katie, que começa a perder noites de sono por fenômenos que inexplicavelmente acontecem. Os dois moram em um sobrado. A casa é o único cenário. Fenômenos estão ligados a Katie. Micah decide então que filmará tudo o que acontecer. Inclusive o quarto ao dormir. E é lá que o mais estranho acontece. Inconformados, procuram ajuda de especialistas. E a dúvida sobre a origem do que acontece surge. Demônio ou fantasma? Micah não quer saber. Quer registrar tudo com seu bom humor e frieza que são corroídos ao longo da fita. Tudo conduzido em uma linha de tensão muito forte e com cadência precisa para despertar o medo.

O apego do diretor aos detalhes é impressionante. Tudo parece real. Os diálogos, o cenário da casa e até os fenômenos que acontecem. Em uma cena, vemos o casal sendo filmado ao dormir. Um relógio, da filmadora, é mostrado no canto inferior. Ao tocar o despertador, provavelmente programado para 6:15, vemos a câmera mostrar 6:14:04. Chatice minha? Não sei mas me canso quando eu vejo algo com desleixo. E esse diretor ganhou muitos pontos comigo ao mostrar essa óbvia não sincronização de relógios.

Outro ponto marcante são os gritos de Katie. Apavorantes. Dignos de inveja de qualquer a scream queen.

Conferindo informações na internet, descobri que existem dois finais alternativos. A versão que foi aos cinemas foi uma sugestão de Steven Spilberg. O final de Oren Peli foi deixado de lado. Isso me deixou muito chateado. Primeiro porque o diretor aceita que seu final seja mudado, segundo porque o nome de Spielberg não é creditado como colaborador do roteiro. Só existe um final para mim. Foi o que eu vi e o que me fez gostar do filme. Finais alternativos só mostram a falta de confiança com a certeza do que é contado. Ainda mais para um filme que se coloca como um suposto documentário. Vemos a fita como um achado do que acontecera e esse é o charme do filme.

Gostei do resultado final. Não quero muito me explicar porque acho o filme tão bom. Talvez seja pela minha sede de filmes de terror. Não sei e já não me abalo mais quando alguém me confronta e me diz que o filme de que tanto gostei é horrível.

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