Um liquidificador ganha consciência. Como ele faz isso? Não se sabe. Aconteceu após um conserto com a intenção de colocá-lo em uma lanchonete.
A consciência traz a fala ao liquidificador. Através dela, conversa com Elvira (Ana Lúcia Torre). Uma senhora de situação simples que convive com o desparecimento do marido (Germano Haiut). Elvira torna a principal suspeita nos pensamentos do investigador Fuinha (Aramis Trindade).
Selton Mello faz a voz do protagonista do título. Ele e sua dona encaram as dificuldades da velhice. Humor é o caminho que o diretor André Klotzel encontra para fazer o filme interessante. Mas a mescla mal conduzida de suspense e humor negro faz do filme um exercício sofrível ao espectador.
Filme chato. As metáforas relacionadas ao liquidificador são pretensiosas. “Moer é pensar ... pensar é moer”. No final de todos esses elementos (comédia, humor negro, suspense, poesia..) processados no liquidificador, ficamos com um A Grande Família (seriado) mal sucedida.
Lição para quem pensa que um grande nome no elenco é garantia de um bom filme.
Comprei a coleção Planeta dos Macacos. Aos poucos cada um dos filmes da sequência entrará aqui até chegarmos à refilmagem de Tim Burton em 2001.
Fã de ficção científica, sou precoce da geração Guerra nas Estrelas. Retorno de Jedi foi meu primeiro filme no cinema. Ali nasceu um apaixonado pela tecnologia. Uma criança que sonhou e ainda sonhamuito com o ano de 2025. É quando Marty McFly em De Volta ao Futuro vê que os carros não têm rodas.Esse filme pelo menos já cumpriu uma profecia. Mostra que os videogames do passado são taxados como jogos de criança e que as mesmas passam a jogar games muito mais complexos. O Planeta dos Macacos tem grande valor porque foi lançado quando a ficção científica não era bem aceita. Abriu portas também para grandes séries cinematográficas que lucram muito através de franquias já consagradas.
Três astronautas chegam a um planeta desconhecido após um sono criogênico em uma espaçonave. Por uma falha, a nave cai em um planeta desconhecido. Estamos agora no ano de 3978. George Taylor (Charlton Heston) é o chefe da tripulação. Durão, não acredita nas pessoas. Motivo provável em ser um desbravador. Fuma charuto dentro da espaçonave (!!??) e ri sarcasticamente ao ver o colega fixar uma pequena bandeira americana em solo extraterreno. Logo ao perceber que o planeta é dominado por macacos, os três astronautas já são iscas de uma caçada humana. Capturados, cada um segue o seu destino. O filme foca então no coronel que é levado para a sociedade símia.
O Planeta dos Macacos não se limita a prever o futuro. Ele o questiona. Homens são escravizados por serem inferiores. A chegada de Taylor, que agradece muito em um momento em que é chamado pelo nome, mostra que a sociedade não está preparada a enfrentar seres mais evoluídos. Isso traz questionamentos religiosos e morais.
Ficção científica impressionante para o ano em que foi feita, principalmente pela maquiagem. Final surpreendente.
Quando A Bruxa de Blair foi lançado em 1999 fiquei com a sensação de que estávamos diante de um novo gênero de terror. Atores com os mesmos nomes dos personagens, etilo documental, câmera em primeira pessoa em todo o filme e pessoas diante de um perigo que poderia estar ao alcance de qualquer um. Saí do cinema entusiasmado. Senti que estava diante de um cinema de vanguarda. A repercussão não foi assim. O filme foi taxado como irritante. As pessoas se preocuparam mais com o balanço da câmera e o circo que fora montado pela internet para a divulgação do filme se tornou o prato cheio para reclamações. Aquele exigente “eu esperava mais”. Mas na minha concepção, A Bruxa de Blair é um dos melhores filmes de terror já feito. Que os críticos não me escutem mas é o que penso.
Dez anos depois estamos diante de um fenômeno parecido. Filme de baixo orçamento com uma boa estratégia de marketing. É dito que Steven Spilberg (um dos financiadores da distribuição) devolve o filme, após assisti-lo, em um saco preto de lixo dizendo que o mesmo foi responsável por tê-lo deixado trancado em casa inexplicavelmente. Dessa vez, diferente de A Bruxa de Blair, os criadores não tentam convencer que as filmagens são documentos reais. Sabemos que se trata de uma ficção, mesmo porque a filme já ganhou uma ampla distribuição em todo o mundo. A Bruxa de Blair cresceu aos poucos, no boca a boca, com os diretores (sim, eram dois) afirmando que parte do que acontecera era real. Toda essa mística criou certa irritação no meio cinematográfico. Atividade Paranormal fugiu disso e foi direto às grandes bilheterias.
O filme retrata um casal de namorados, Micah e Katie, que começa a perder noites de sono por fenômenos que inexplicavelmente acontecem. Os dois moram em um sobrado. A casa é o único cenário. Fenômenos estão ligados a Katie. Micah decide então que filmará tudo o que acontecer. Inclusive o quarto ao dormir. E é lá que o mais estranho acontece. Inconformados, procuram ajuda de especialistas. E a dúvida sobre a origem do que acontece surge. Demônio ou fantasma? Micah não quer saber. Quer registrar tudo com seu bom humor e frieza que são corroídos ao longo da fita. Tudo conduzido em uma linha de tensão muito forte e com cadência precisa para despertar o medo.
O apego do diretor aos detalhes é impressionante. Tudo parece real. Os diálogos, o cenário da casa e até os fenômenos que acontecem. Em uma cena,vemos o casal sendo filmado ao dormir. Um relógio, da filmadora, é mostrado no canto inferior. Ao tocar o despertador, provavelmente programado para 6:15, vemos a câmera mostrar 6:14:04. Chatice minha? Não sei mas me canso quando eu vejo algo com desleixo. E esse diretor ganhou muitos pontos comigo ao mostrar essa óbvia não sincronização de relógios.
Outro ponto marcante são os gritos de Katie. Apavorantes. Dignos de inveja de qualquer a scream queen.
Conferindo informações na internet, descobri que existem dois finais alternativos. A versão que foi aos cinemas foi uma sugestão de Steven Spilberg. O final de Oren Peli foi deixado de lado. Isso me deixou muito chateado. Primeiro porque o diretor aceita que seu final seja mudado, segundo porque onome de Spielberg não é creditado como colaborador do roteiro. Só existe um final para mim. Foi o que eu vi e o que me fez gostar do filme. Finais alternativos só mostram a falta de confiança com a certeza do que é contado. Ainda mais para um filme que se coloca como um suposto documentário. Vemos a fita como um achado do que acontecera e esse é o charme do filme.
Gostei do resultado final. Não quero muito me explicar porque acho o filme tão bom. Talvez seja pela minha sede de filmes de terror. Não sei e já não me abalo mais quando alguém me confronta e me diz que o filme de que tanto gostei é horrível.
Não sei se esse filme vale o tempo perdido desse post. Cinema americano e sua mania de explorar uma temática até o final. HQs (histórias em quadrinhos) já foram a bola da vez. Todo diretor que se aventura nesse gênero corre o risco de desagradar tanto a platéia aficionada por HQs intolerante quanto à fidelidade aos desenhos quanto a platéia que não tem idéia da origem do herói e está , em sua maioria, sedenta por ação.
Não sabia quem era Jonah Hex. Entrei no hall dos que não têm idéia da origem do cidadão que leva o título do filme. Pensava que o único cowboy dos quadrinhos era Tex. Engano meu, Jonah Hex (Josh Brolin) é um pistoleiro caçador de recompensas desfigurado por seu inimigo. Nos é explicado logo no início que o seu inimigo Quentin Turnbull(John Malkovich) além de deformar o rosto do herói na brasa, faz o mesmo presenciar a morte de sua família no fogo num acerto de contas.
Quando todos pensam que nosso herói está morto, índios curandeiros que têm fortes ligações com corvos trazem não apenas a salvação, fazem com que Jonah Hex possa conversar com os mortos!
A ação se desenvolve na busca da vingança. Há a participação de Megan Fox que faz a prostituta Lilah. Tem um caso antigo com Jonah (que também vinga a morte da esposa). Megan faz expressões sexys para todo tipo de situação. Amarrada ou beijando o herói deformado, está sempre com a boca entreaberta parecendo estar em um ensaio fotográfico.
O filme até me despertou a curiosidade sobre a HQ. Não pode ser tão ruim. Talvez o maior erro é não definir o público alvo. Não penso que vai agradar crianças nem fãs de quadrinhos nem apreciadores de filmes de ação.
Depois dessa, nem sei se Quero Ser John Malkovich...
Música e relacionamento. As duas coisas de que mais gosto na vida. A base da minha força motriz. Razões que impulsionam o Coração Louco de Jeff Bridges.
Trata-se de um ex-ídolo da música country. Bad Blake. Um popstar que não faz mais fama. Sua vida desmedida não tem mais glamour, muito menos suas excentricidades. Seu cartão postal é uma calça aberta e um cinto desafivelado. É uma pessoa extremamente só, carregado de mágoas. Bebida e cigarro não são apenas estilo de vida e sim refúgio. Do fundo do poço vê uma luz, são os olhos azuis de Jean (Maggie Gyllenhaal). Uma repórter escritora mãe solteira de Santa Fé. Receita de um dramalhão de quinta categoria. Não é o que acontece.
Blake descobre o amor. Ele está nos detalhes. Está na mudança de expressão do olhar de cada um quando se falam ao telefone. Aparece quando mostram que não conseguem ficar sem se falar ou quando o turrão Blake dispara ternura ao brincar com o filho de Jean.
A harmonia dos dois é intensa. Isso é evidenciado na cama. Não pelo sexo em si mas pela maneira de como sentam um ao lado do outro e conversam. Mas Blake é a cilada anunciada. Assim como seu maço de cigarros adverte para as conseqüências, seu passado e presente o condenam. Jean sabe disso e sabe que Blake vale o ingresso mesmo com a voz da consciência tentando ultrapassar o volume dos acordes desse ícone do country. “Isso não vai dar certo” diz a razão mas Jean não resiste aos versos de uma nova canção composta em sua própria cama. Por Jean, Blake deixou de ser Bad e quis ser Otis. Jeff Bridges e Maggie Gyllenhaal estão fantásticos, fazem o filme ser marcante.
Destaque para a ponta de Robert Duvall (um dos meus favoritos atores) como amigo de Bad Blake. Verdadeira amizade, sobrevivente apesar das diferenças.
Filme com evolução e desfecho sinceros diante das possibilidades do amor. Sentimentos, escolhas e consequências. Temas de amor, de músicas, do coração...louco.