
As cores claras e vivas da fotografia do filme e dos olhos dos personagens não combinam com o desenrolar amoroso da vida de Helmut (Fabian Busch).
Aprendendo a Mentir é filme da nova safra do cinema alemão que tem como expoentes o frenético Corra Lola, Corra e o nostálgico Adeus, Lênin. O tema, diferente de seus filmes conterrâneos, parece batido. À primeira vista pode-se pensar em um filme sobre as desilusões amorosas do protagonista após o romance com sua primeira namorada. Vai um pouco além.
Britta (Susanne Bormann) foi responsável por propiciar os curtos e melhores momentos na vida de Helmut. O simples fato de voltar para casa após dormir com sua amada era um exercício de pleno prazer. A espontaneidade de Britta conduzia todo o romance e Helmut era apenas um “fofo” (como ela mesmo dizia) inseguro e incapaz de contrariá-la. E sem remorso, Britta vai para os Estados Unidos sem sequer assumir o namoro uma única vez. O “eu te amo” de Helmut é respondido com um “tchau”.
A vida de Helmut após Britta torna-se um suportar cotidiano. Perguntado por um amigo sobre o que andava fazendo todos esses anos, Helmut responde que tem apenas ido dormir mais cedo (diálogo idêntico ao de Noodles e Fat Moe no filme Era uma vez na América). Até mesmo a queda do Muro de Berlim passa indiferente aos olhos do jovem.
É um filme sobre erros e acertos. Conquistas e furadas. Visualmente agradável, principalmente para os amantes dos anos 80. Aqui estão as latinhas de refrigerante que não amassam, os gravadores imensos com suas fitas cassetes, as calças femininas de cintura alta, os hits musicais. Mas não é só isso. Mesmo de maneira inocente, o filme filosofa sobre a relevância de viver um grande amor. Um barman faz uma constatação sobre um cliente em uma passagem do filme. Ele observa um rapaz sentado só em uma mesa e o descreve. Era alguém que há muitos anos passava todas as noites de natal ali. Tratava-se de uma pessoa que viveu um momento divino (esse é o adjetivo usado) e que não percebeu que sua garota “apenas estava lá” e mais nada. Para o barman, isso era trágico e seu consolo era que os homens são assim.
Britta marcou Helmut. Aprendendo a mentir é uma maneira de se proteger e não mais se entregar. Mesmo conquistando mulheres, a graça não era nada comparável ao passado. Dentro dessa falta de perspectiva, cabe a Helmut saber o real valor de suas relações e esperar pela epifania de que Britta é “apenas uma pessoa”.
Um comentário:
parece interessante.... vou ver esse! depois te conto o que achei! =)
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