
O ataque às Torres Gêmeas de 11 de setembro fez tornar realidade algo que o americano sempre imaginou acontecer. Uma catástorfe envolvendo sua população. Os potenciais responsáveis por tal acontecimento já foram os fenômenos naturais, os marcianos, os russos e por último os terroristas. Onze de setembro foi a consolidação de uma idéia recorrente. O cinema sempre tratou tal assunto com naturalidade. Um gênero cinematográfico chegou a ser concebido. O cinema catástrofe. A década de 90 foi recheada de tais filmes.
O ataque terrorista de 11 de setembro traumatizou os americanos. Havia enorme desconforto em abordar o assunto. Uma cena (filmada antes do ataque) em que o Homem Aranha tece sua teia entre as torres foi cortada da estreia do filme do herói. O assunto terrorismo era quase um tabu. Havia uma idéia que os americanos foram longe demais.
O tempo passa e as feridas cicatrizam. O mandato do democrata Barack Obama parece tornar a idéia de um novo ataque distante. Osama Bin Laden está morto. Abordar o terrorismo nas telas nem é mais doloroso. Assim nasce Tão Forte e Tão Perto.
Filme em que o garoto Oskar (Thomas Horn) concentra suas energias em manter viva a memória de seu pai (Tom Hanks), morto no acidente das Torres Gêmeas.
Oscar está dentro de um perfil que merece muito respeito na cultura americana. É o ultra nerd. Steve Jobs foi assim. Extremamente focado, obsessivo, genial e que não se importava com o resultado de seu comportamento. Muita coragem do diretor em escolher um protagonista assim. Ele se vale da Síndrome de Asperger para justificar o comportalmento de Oskar. Crianças de filmes costumam ser doces, surpreendentes e amáveis. Oskar não. Virtude do diretor em mostrar uma criança de uma maneira tão cru. O resultado, porém, chega a ser irritante (assim como o pandeiro que toca nos momentos de ansiedade).
Após a morte do pai, Oscar isola em seu individualismo e o resultado é um cruel relacionamento familiar e com pessoas próximas. Ninguém desperta interesse., apenas a memória de seu pai e o enigma de uma chave em um envelope.
Max Von Sydow salva o filme. Depois de tanta falação do protagonista, o veterano chega e desbanca todos sem dizer uma palavra. O velho, porém, só é interessante para o garoto enquanto lhe oferece algo, que é ajudá-lo em sua jornada em busca de informações sobre a chave. O que Oscar mais faz no filme é atravessar seus objetivos na frente dos sentimentos alheios. Ele é incapaz de perguntar o nome de seu novo amigo.
Pensar que a Síndrome de Asperger é responsável pelo comportamento de Oskar ameniza um pouco a antipatia que por ele criei. Talvez o livro em que o filme se baseou explique melhor mas dispenso essa leitura.
O filme conclui-se de maneira interessante. Um dia toda criança percebe que o mundo não gira em torno dela. Oskar Schell, mesmo com todo o seu conhecimento teórico e inteligência, demorou demais para perceber isso.





