segunda-feira, 1 de abril de 2013

Mister Lonely (2007)


A música com mesmo nome do título abre o filme dizendo como é ruim estar longe de casa sem ter ninguém. Assim é vida do sósia de Michael Jackson (Diego Luna). Sozinho em Paris e falando apenas inglês, Michael vive de bicos como dançar na rua ou em uma festa de asilo. Marilyn Monroe, a sósia (Samantha Morton), muda essa perspectiva. O vestido branco, o decote e o batom vermelho regados com sopro de beijos não são os únicos elementos que determinariam o conceito de paraíso. Marilyn vem de um lugar onde todos os sósias não descansam suas máscaras para dormir. Com o convite de Marilyn, Michael Jackson não seria mais um Mister Lonely (senhor sozinho).

A comunidade alternativa composta de sósias de celebridades é um rancho de pessoas desajustadas. A máscara de sósia faz aflorar os instintos de cada participante. O ambiente é tão selvagem quanto o de qualquer metrópole repleta de pessoas solitárias.

Paralela à história principal, o filme mostra a vida de um padre alcóolatra e um grupo de freiras em selvas do Panamá. Ao tentar distribuir comida aos necessitados, três freiras caem de um avião e pela fé operam um milagre. Plainam em alegria em cenas belas e hilárias. Ato memorável que rende ao grupo uma viagem para conhecer o Papa.

Histórias sobre busca de redenção. Filme marcante com final duro. Grandes expectativas e pouco contentamento. Humor negro mesclado com momentos de doçura. Mister Lonely é um filme pouco convencional marcado por fortes interpretações e prováveis reações diversas do público. 


sexta-feira, 15 de março de 2013

O Duende - Leprechaun (1993)



Lenda do folclore irlandês, o Leprechaun é um homezinho sapateiro que tem medo de humanos. É um guardião de tesouros.

O protagonista do filme luta para recuperar seu saco com moedas de ouro, sempre em mãos de seres humanos. Com idéia fixa, ele só pensa em seu tesouro.

O caminho para recuperá-lo é trilhado com generosas doses de maldade. O pequeno duende é exageradamente feio. Talvez assuste crianças por isso.

 O Duende é um filme chato. Não aterroriza. Cenas que poderiam ser engraçadas são enfadonhas. Serve apenas de curiosidade como primeira atuação nos cinemas da atriz Jennifer Aniston. Fora isso, é uma grande perda de tempo.

 Há uma negociação para um remake da película. Prato cheio para qualquer diretor. Difícil será fazer algo pior que o título original.

al.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Quase um ano parado. Muita coisa mudou. Quase tudo para melhor. Estou de volta.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Tão Forte e Tão Perto - Extremely Loud & Incredibly Close (2011)



O ataque às Torres Gêmeas de 11 de setembro fez tornar realidade algo que o americano sempre imaginou acontecer. Uma catástorfe envolvendo sua população. Os potenciais responsáveis por tal acontecimento já foram os fenômenos naturais, os marcianos, os russos e por último os terroristas. Onze de setembro foi a consolidação de uma idéia recorrente. O cinema sempre tratou tal assunto com naturalidade. Um gênero cinematográfico chegou a ser concebido. O cinema catástrofe. A década de 90 foi recheada de tais filmes.

O ataque terrorista de 11 de setembro traumatizou os americanos. Havia enorme desconforto em abordar o assunto. Uma cena (filmada antes do ataque) em que o Homem Aranha tece sua teia entre as torres foi cortada da estreia do filme do herói. O assunto terrorismo era quase um tabu. Havia uma idéia que os americanos foram longe demais.

O tempo passa e as feridas cicatrizam. O mandato do democrata Barack Obama parece tornar a idéia de um novo ataque distante. Osama Bin Laden está morto. Abordar o terrorismo nas telas nem é mais doloroso. Assim nasce Tão Forte e Tão Perto.
Filme em que o garoto Oskar (Thomas Horn) concentra suas energias em manter viva a memória de seu pai (Tom Hanks), morto no acidente das Torres Gêmeas.

Oscar está dentro de um perfil que merece muito respeito na cultura americana. É o ultra nerd. Steve Jobs foi assim. Extremamente focado, obsessivo, genial e que não se importava com o resultado de seu comportamento. Muita coragem do diretor em escolher um protagonista assim. Ele se vale da Síndrome de Asperger para justificar o comportalmento de Oskar. Crianças de filmes costumam ser doces, surpreendentes e amáveis. Oskar não. Virtude do diretor em mostrar uma criança de uma maneira tão cru. O resultado, porém, chega a ser irritante (assim como o pandeiro que toca nos momentos de ansiedade).

Após a morte do pai, Oscar isola em seu individualismo e o resultado é um cruel relacionamento familiar e com pessoas próximas. Ninguém desperta interesse., apenas a memória de seu pai e o enigma de uma chave em um envelope.

Max Von Sydow salva o filme. Depois de tanta falação do protagonista, o veterano chega e desbanca todos sem dizer uma palavra. O velho, porém, só é interessante para o garoto enquanto lhe oferece algo, que é ajudá-lo em sua jornada em busca de informações sobre a chave. O que Oscar mais faz no filme é atravessar seus objetivos na frente dos sentimentos alheios. Ele é incapaz de perguntar o nome de seu novo amigo.

Pensar que a Síndrome de Asperger é responsável pelo comportamento de Oskar ameniza um pouco a antipatia que por ele criei. Talvez o livro em que o filme se baseou explique melhor mas dispenso essa leitura.

O filme conclui-se de maneira interessante. Um dia toda criança percebe que o mundo não gira em torno dela. Oskar Schell, mesmo com todo o seu conhecimento teórico e inteligência, demorou demais para perceber isso.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Os Descendentes - The Descendants (2011)



Meu pai, fã de filmes de ação como aqueles protagonizados por Chuck Norris e Steven Seagal, diria que Os Descendentes é um filme muito parado. Essa pode ser a opinião de muitos espectadores que escolhem um filme apenas pelo protagonista. Os Descendentes tem um ritmo semelhante a Sideways (outro sucesso do diretor Alexander Payne), fato que desagrada os mais inquietos. Quem escolhe George Clooney espera um galã grisalho sedutor ou talvez um filme cheio de ação. Aqui, o protagonista erra e acerta. Corre desajeitado, quase cai ao calçar um sapato e seu olhar é espelho de uma alma insegura e em conflito. Longe de arrancar suspiros femininos ou de assustar seus inimigos.

Pensar na dignificação do homem pelo trabalho fez de Matt King (George Clooney) uma pessoa distante daqueles mais próximos. Excessiva preocupação em fazer do mérito o responsável pela conquistas sempre lhe conferia o conforto de pensar que optou pelo caminho certo. Confiança que se perde quando recebe a notícia do acidente de sua mulher Elizabeth King (Patrícia Hastie). Agora ela está em coma e a morte é um destino breve garantido pelo médico. Duro golpe na aparente sóbria vida de Matt. Sua realidade agora é outra. Suas convicções se abalam. Sua família nunca usufruiu de uma herança referente às últimas terras virgens do Havaí por opção de Matt. Percebe, então, que nunca aproveitou bem a esposa (que o traía), as filhas e a intocada fortuna de seus ancestrais.

Filme ambientado no diferente estado americano do Havaí. Engraçado saber que quase todos usam camisas “havaianas”, inclusive executivos. O charme das locações e da trilha sonora singularizam a película. O ponto forte é a direção de atores por Alexander Payne. O filme lembra Sideways quando usa de uma breve jornada em que os acontecimentos em seu percurso são mais importantes que o objetivo. Matt se une às filhas para encontrar o amante de sua esposa e oferecê-lo a oportunidade de despedir-se de Elizabeth.

Hollywood consegue trazer o cinema de conteúdo através da disposição de seus maiores astros em fazer “filmes menores”. A qualidade de Os Descendentes é indiscutível mas o verdadeiro sucesso deve-se, em parte, à tentativa de Clooney em fugir do convencional (receita para ganhar Oscar). Não fosse por Clooney, talvez, Os Descendentes poderia ser um daqueles filmes relegados nas prateleiras das locadoras e certamente não teria a badalação que hoje o envolve.

É o filme mais doce de Alexander Payne. Há pouco desconforto em uma história tão dramática. A atenuação vem da gradativa aproximação de Matt com suas filhas. Descobrir o amante da esposa ou decidir o futuro de uma herença parece secundário quando um pai tem real chance de conviver com sua família.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Lunar Park - Bret Easton Ellis (2005)



Quando digo que não leio sinopses ou que não me interesso por trailers de filmes é em função de evitar o dissabor da antecipação de uma surpresa. “Spoiler” é o termo usado na lingua inglesa para revelação em um enredo. Um anglicismo que é febre entre aficcionados por seriados de tv. Dizer que um texto contém “spoilers” é uma maneira elegante de não estragar a surpresa dos leitores. Desconhecer o enredo de Lunar Park foi meu grande deleite como leitor dessa obra. Tentarei fazer o texto com o menor número de spoilers possíveis.

O obra é uma autoficção. Bret Easton Ellis é o protagonista de sua história. Mas afinal, quem é Bret Easton Ellis? Escritor da Geração X com grandes sucessos literários. Seu livro mais famosos também é filme: O Psicopata Americano. Não li. Fez muita falta pois sobram referências durante a narrativa.

A literatura de Bret tem foco na vida pessoas muito ricas e a década de 80 marcada como perda de um controle social em virtude do potencial destrutivo de novas drogas. Uma liberdade sexual impressionante. Um momento da história quase sem culpa. Vieram a AIDS e a dependência química. Onipotência abalada e dor pelas consequIencias.

Bret vive o início da meia idade. É pai de família. Meninas de vinte anos o chamam de senhor. Vieram outras gerações (Y, Z e M) e ser novo e famoso era muito mais agradável.

Bret é taxado como o errado do lar. Pai distante, alcóolatra, drogado e egoísta. Rótulo fácil para resposabilizar um membro por desestruturar uma família. A pequena Sarah (sua caçula) é uma criança solitária e vítima de um fenômeno atual. A drogadição “terapêutica” de crianças desajustadas.

O desaparecimento em série de crianças da mesma idade de seu filho Robby é o assunto que assombra o autor. Elas somem sem dar sinal. Ao mesmo tempo há outro fantasma na vida de Bret. O assassino de O Psicopata Americano que foi inspirado em seu pai, já falecido. Ele parece querer dizer algo. As memórias do livro e de seu pai são dolorosas. Esse são os fantasmas da obra. A materialização do sobrenatural pode ser confundida pelo abuso de álcool e medicamentos. O medo se mistura à vergonha da impotência de um drogado. Bret agora é pai e tão criança quanto Robby. Em certo momento do livro, sua consciência se dividide entre a do personagem e a do escritor sendo a segunda sarcástica, fria e narcisista. É quando o pavor toma conta do protagonista que o autor se desliga e passa a formular algumas opiniões chegando a abandoná-lo quando lhe é conveniente reforçando o caráter solitário do assombrado personagem.

Sua narrativa sobrenatural lembra o mestre do terror Stephen King em seus melhores momentos e faz com que a crítica literária, pelo preconceito ao gênero, não se curve ao grande escritor que Bret Easton Ellis é.

Um final lírico de extrema beleza. Uma obra sobre o poder do traço familiar e a impressionante sensação de que podemos nos ver em nossos pais e filhos.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

A Carne - La Carne (1991)



Conotação sexual em cinema é sinônimo de polêmica. Por mais que se proclame revolução sexual, o sexo transcende e se faz ser notado. Nunca será visto com indiferença. Assim é o filme italiano A Carne.

Um pianista de meia idadade, Paolo (Sergio Castellitto), desenvolve um desejo obsessivo por Francesca (Francesca Dellera). Vale aqui uma referência à beleza da atriz. Francesca Dellera é a beleza que não existe mais. Um padrão de que as mulheres hoje tentam fugir. Um corpo moldado pela natureza e não pelas plásticas e academias. O resultado disso é uma beleza rústica e voluptuosa.

Após se deparar com a imagem de Francesca pela primeira vez, possuí-la passa a ser o único objetivo na vida de Paolo. Seu grande erro é pensar que foi um agraciado por ter consumido o fato e não pensar na possibilidade que Francesca o desejou também.

Paolo se vê vítima das inconstâncias de sua amada. O melhor termo para descrevê-la é furacão. Grande, avassaladora e desgovernada. Francesca faz parte de um grupo de mulheres que faz o seu discurso ser secundário. O estímulo visual proporcionado por sua boca e curvas inibem qualquer outra avaliação crítica. Paolo é um boquiaberto constante diante de sua amada.

O momento mais consciente de Paolo é em que tenta o suicídio. Após chegar ao ápice do prazer com a mulher que mais desejou na vida. Paolo sabe que tudo vai se perder com o tempo mas a sedução de Francesca não o deixa suicidar. E suas previsões são consumadas.

O filme fala da superioridade feminina. Paolo é apenas instinto. É um animal em busca de carne. Presa fácil para Francesca. Fato evidenciado em seu poder de paralisar todos os músculos de Paolo e deixá-lo em priapismo transformando seu amante em um consolo humano.

Há uma relação entre sexo e comida. Desejo e saciação. Paolo e Francesca são dois famintos. O desejo é tanto que se isolam em uma casa à beira mar para darem início a uma orgia alimentar e sexual. Deixam trabalho, família e sociedade.

O processo de autodestruição de Paolo se inicia quando percebe solidão mesmo isolado com Francesca e estando repetidas vezes com ela na cama.

É um filme sobre convicções. Aquilo que se deseja pode realmente não ser bom. Não ter a consciência disso é o caminho da destruição.