terça-feira, 1 de janeiro de 2008

O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford - The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford (2007)



O novo filme de Brad Pitt já vem estereotipado por dois fatos. A extensão da projeção e de seu título. É um filme que vem antecipado por polêmicas. Pitt e o diretor Andrew Dominik brigaram muito na montagem do filme. Todo o preconceito por filmes longos e lentos de um público americano ávido por tiroteio e resolução de tramas era o que Brad Pitt quis evitar. Mas o inexperiente diretor não queria ceder e parece que em parte conseguiu. O filme é lento e cheio de paisagens. Mas não é demérito da película.

Robert Ford é o assassino da tragédia já anunciada. Interpretado por Casey Affleck, nutre um sentimento dúbio a Jesse James (Brad Pitt). De idolatria a decepção, o ator consegue passar toda incerteza de sentimentos em relação ao bandido mais famoso da época nos Estados Unidos. Sua atuação é marcante e diferenciada.

Brad Pitt fez um bom papel. Arrebatou o Leão de Prata (melhor ator) em Veneza. Apesar de ser cheio de atuações memoráveis, Pitt não se deixa ofuscar pelos outros atores e convence.

Já Sam Rockwell (irmão de Robert Ford no filme) dá um show de interpretação. Começa aparecendo como o irmão mais velho, inseguro e medroso. Pressente a tragédia. O assassinato o transforma. Sublime atuação!

Outros destaques do filme são a fotografia e a trilha sonora. Quem assina a fotografia é Roger Deaknis (de “A Vila” e “Kundun”). Capta cenas através de vidraças distorcidas e ângulos inesperados gerando tensão que permeia toda a película em função das inesperadas reações de Jesse James. A trilha sonora também ajuda. Nick Cave (um australiano pra lá de sinistro que tem queda por abordar a morte) se junta a seu antigo parceiro Warren Ellis e dá um ar agradável e sombrio ao mesmo tempo. Quem conhece Nick Cave sabe muito bem do que estou falando.

Voltando ao assunto da extensão do filme. A pergunta que muitos fazem: Por que um filme tão longo para anunciar o fato já revelado no título? Mesmo com os quarenta minutos finais magníficos, penso que os 160 minutos são extremamente necessários. Só assim conseguimos nos acostumar com os personagens a ponto de não acreditarmos em mudanças de comportamento em outras oportunidades.

O grande mérito do filme é não querer copiar os westerns já consagrados e criar um próprio estilo. Estilo que o diretor mostrou antes de o filme ficar pronto. Lutou por suas idéias, mesmo pressionado por executivos que lucram com a massificação da cultura.

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