
Filmes americanos que envolvem política internacional insistem em pecar no sentido da auto-afirmação. Desde os atentados de 11 de setembro, filmes com maior cunho político vêm surgindo na medida em que o trauma com a catástrofe diminui. Destaque para o emocionante filme de Paul Greengrass (“Vôo United 93”) que quando o assisti não esperava nada e foi uma grata surpresa. “O Reino” vem engrossar a lista.
Um atentado terrorista em zona residencial americana em Riad, na Arábia Saudita, desencadeia um incidente internacional. O FBI se prontifica a ir ao local e iniciar uma investigação imediata e é dificultado por governos americano e saudita.
A direção é do novaiorquino Peter Berg. Não conheço nenhum trabalho seu. Tecnicamente é muito bom e tem a cara de seu produtor, Micheal Mann (“O Informante”, “Colateral”), tão preciso em filmes que conseguem extrair sentimentos mesmo em cenas de um tiroteio banal. A câmera inquieta quase o tempo todo editada como uma metralhadora pode até deixar o espectador tonto e o filme em momentos se assemelha a um jogo de videogame da nova geração (os jogos de guerra são hoje a maior aposta da indústria dos games).
Os atores não deixam o filme cair. Chris Cooper faz o estereótipo do americano. Jaime Foxx sempre é boa escolha para filmes de ação. A dupla de atores Ashraf Barhom e Ali Suliman (do arrebatador palestino “Paradise Now” e do israelense “A Noiva Síria”) são o destaque do lado saudita. Interessante é a aproximação entre o coronel saudita Faris (Ashraf Barhom) e a equipe americana. Pessoa íntegra e pai de família, o saudita transforma a antipatia em amizade e consideração e o espectador simpatia pelos dois lados. A relação dele com Fleury (Jaime Foxx) faz lembrar filmes de policiais (como “Um Tira da Pesada”) em que parceiros de profissão obrigados por circunstâncias trabalham juntos e aprendem a se respeitar.
Apesar de um final com uma mensagem crua, sincera e realista; as aspirações de Peter Berg como um filme político param por aí. A película se torna ao todo um grande filme de ação, um potencial game de sucesso. Para quem não se contenta com isso, sugiro o palestino “Paradise Now”.
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