domingo, 30 de dezembro de 2007

O Crocodilo – Il Caimano (2006)




Nanni Moretti é considerado o Woody Allen italiano. Como o americano, Moretti escreve, produz, dirige e protagoniza todos os seus filmes.

Em seu novo filme, a crítica ao político Silvio Berlusconi é direta. É evidente a decepção e inconformismo do diretor.

Sílvio Berlusconi é a pessoa mais rica da Itália (segundo a revista Forbes), presidente do Milan, dono de três canais de televisão e controlador da máquina estatal. É um tipo de Sílvio Santos italiano com fortíssima influência política. Fundou o partido Forza Itália (FI) em 1993 e foi galgando na política até ser eleito primeiro ministro.

Berlusconi já foi acusado de lavagem de dinheiro, evasão fiscal, participação em homicídio e corrupção. A maior crítica de Moretti a Berlusconi é o impacto que o segundo causou na cultura italiana. Berlusconi usou a mídia televisiva para estimular o consumo e o conformismo. Moretti nunca aceitou isso.

Longe de ser comparado a Michael Moore (cineasta americano anti-Bush), Nanni Moretti tem uma história para contar. E das boas. O crocodilo é um roteiro escrito por uma jovem que até o momento só dirigira curtas. Ela mostra seu roteiro ao produtor e diretor de filmes B Bruno Bonomo (Silvio Orlando). A chegada do roteiro nas mãos de Bonomo coincide com uma mudança drástica familiar, o divórcio. Saindo do cotidiano também das filmagens, o diretor decide então em mudar sua vida e encarar em retratar nas telas um filme sobre Silvio Berlusconi (até antes nunca feito) e sua ascensão política.

Os momentos mais interessantes da trama nada têm a ver com política. Tratam-se da relação do diretor com sua família. Moretti já mostrou toda sua sensibilidade e sutileza abordando a família em “O Quarto do Filho” (um dos melhores filmes que já vi) e em “O Crocodilo” a família é mostrada como alicerce do homem e a falta que faz quando uma relação conjugal encontra-se abalada.

“O Crocodilo” é uma resistência política pessoal de Moretti (o mesmo questiona na película como uma pessoa pode paralisar a Itália por 12 anos) sem a panfletagem característica de inconformados com a política.



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