
A partir de um fato ocorrido em um hotel em Monte Carlo uma senhora inglesa de respeito remete a um dia em que toda sua convicção dos preceitos da sociedade ficou abalada.
Uma mulher, hóspede do hotel, abandona o marido e filhos para ir atrás de um jovem sedutor. Um dos viajantes no hotel não a condena e acha a atitude até razoável se a mesma estivesse apaixonada. Através dessa opinião o viajante desperta a senhora inglesa que não se contém até o momento que o chama para contar as 24 horas mais alucinantes emocionalmente de sua vida.
O autor Stefan Zweig já foi citado nesse blog. Ele escreveu a principal biografia de Maria Antonieta (ignorada por Sofia Coppola para a composição de seu filme). Seu texto é muito admirado por Sigmund Freud. A abordagem do desejo feminino é sempre o enigma para todos nós homens. E qualquer relato que se aproxime de algum sentimento feminino oculto já me desperta muito interesse. Já li também um livro que faz abordagem semelhante. “A senhora Beate e seu filho” também mostra a mulher. Viúva e com filho assim como Mrs. C (protagonista de “24 horas na vida de uma mulher”), a senhora é sufocada de desejos condenados pela sociedade.
Textos de internet, erroneamente atribuídos a Machado de Assis, dizem que as melhores mulheres pertencem aos homens mais ousados. É muito interessante como essa ousadia é esperada por Mrs. C em relação ao moço por quem se apaixona. Um trecho do livro diz assim:
“o que naquela vez me doeu tanto foi a decepção... decepção, porque... porque aquele jovem fora embora tão obedientemente... sem nenhuma tentativa de me segurar, de ficar comigo.. que ele obedecesse humilde e respeitoso à minha primeira tentativa de me afastar... em vez de tentar me abraçar...que me venerasse apenas como a uma santa posta em seu caminho... e não... não me visse como mulher”
Mas o livro vale muito por oferecer um esboço do que é o desejo feminino e suas implicações. E a senhora inglesa depois de ter passado por essa torrente de emoções busca maneiras de se estabilizar e acaba voltando para a racionalidade típica de seus compatriotas.
“Mas afinal o tempo tem um poder profundo, e a idade, um singular domínio sobre todas as emoções”
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