
Perdido. Totalmente perdido. É assim que me senti durante toda a projeção do novo filme de David Lynch.
Hollywood é novamente palco (assim como em “Estrada Perdida” e “Cidade dos Sonhos”) para as loucuras de Lynch. Nikki Grace (Laura Dern) recebe a proposta de protagonizar um novo filme. Um remake de um filme nunca finalizado. 47 (vier sieben em alemão). Números malditos. Trata-se de uma lenda cigana polonesa. Lenda pela qual atores, na primeira tentativa de realização da película, foram misteriosamente assassinados. O diretor (Jeremy Irons) faz a revelação aos atores após se iniciarem acontecimentos estranhos no set de filmagem.
Até aí tudo bem. Sempre gostei dos filmes de David Lynch. O mistério. O desconhecido fazendo exercitar nossas mentes. David Lynch jogava dúvidas no ar em histórias até certo ponto palpáveis. Antes se faziam diversas teorias sobre o significado de certos símbolos em seus filmes (como exemplo a estrada no maravilhoso “Estrada Perdida”). Mas agora David Lynch extrapolou. Parece que ao longo dos filmes o diretor quis torná-los cada vez mais misteriosos chegando então a “Império dos Sonhos”. Nada mais é palpável. Tudo é dúvida no filme. Em um momento, depois de tanta turbulência de fatos ocorridos a protagonista diz “Eu não sei o que veio antes ou depois. Não consigo distinguir o ontem do amanhã e isso está fodendo com a minha cabeça.” É assim que me senti também. O filme passando e a vontade da gritar no meio da sala e expressar minha indignação por não conseguir acompanhar o que estava acontecendo. É assim que me senti.
Chego a conclusão que a minha mente obtusa não conseguiu apreciar toda densidade psicológica do filme. Sempre penso que um bom cinema é aquele que desperta um sentimento interessante no final de sua projeção. O próprio “Cidades dos Sonhos” de David Lynch traz muitas dúvidas mas a sensação final é positiva. Dessa vez agora não. Saí meio decepcionado do filme, quase não querendo acreditar que é o primeiro filme de David Lynch que não gosto.
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