
Dois motivos levam três jovens cariocas de classe média fazerem uma viagem pela noite do Rio de Janeiro, do Leblon à Barra. Tirar satisfações com um traficante que vendeu folha de bananeira em lugar de maconha e tentar conseguir dinheiro para passar o carnaval em Arraial d’Ajuda. Para o segundo, os jovens recorrem a um colega de classe alta, filho de deputado e dono de um Jaguar.
Assustador é notar a simpatia pelo quarteto marginal. As iniciais conversas recheadas de xingamentos são divertidas (devem desagradar, porém, os não simpatizantes de cariocas). Mas a proporção que a noite toma torna-se aterrorizante. Os próprios jovens têm lampejos de consciência quando tentam desaconselhar o colega a cometer uma atrocidade. Vão deixando seu rastro de sujeira e inconseqüência numa atitude cheia de malícia que beira à brincadeira. O diretor Felipe Jofilly mostra os jovens com personalidades diferentes sem estigmatizá-los apenas como “pitboys” (termo recorrente na imprensa).
O filme tem a cara do Rio de Janeiro e a história em qualquer outro lugar pareceria falsa. Ser espectador é estar no Rio. É viver suas gírias e o jeito peculiar de tratamento entre seus moradores. Os diálogos são tão reais que até erros de fluência de fala tornam as cenas mais verossímeis. Não há frases feitas. São impulsivas assim como as atitudes dos jovens. Mérito do diretor estreante de apenas 30 anos.
Ótimo filme com um final desastroso. Não sou de ficar criticando finais e escolhas de caminho do roteiro mas o desfecho do filme significou desmerecer muitas das constatações de um retrato verdadeiro e cruel da juventude que transgride pelo desrespeito e violência. O único final que me desagradou significativamente foi o de “Encaixotando Helena” e ainda estou a concluir se o de Ódiquê? também jogou tudo por água abaixo.
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