
Guilhermo Arriaga escreveu os três roteiros filmados por Alejandro González Iñárritu (Amores Brutos, 21 gramas e Babel). Novo expoente da literatura mexicana. Além dos três roteiros, já escreveu três livros (um doce aroma da morte, o búfafo da noite e esquadrão guilhotina). Esteve esse ano na Festa Literária Internacional de Parati (FLIP) e foi tomado com queridinho da vez, principalmente pelas jornalistas que o consideraram símbolo sexual.
Ramón descobre o cadáver de Adela em uma cidadezinha do interior do México (Loma Grande). Bastou o mesmo cobrir a garota com sua camisa para o boato espalhar: “tratava-se de sua namorada, por isso teria que se vingar”. Ramón era o cara errado na hora errada.
Ramón não desmente o boato. Timidez, dificuldade de comunicação, consternação pela presença de um cadáver fazem com que a afirmação atribuída a ele se torne verídica. Na concepção de toda a cidade seu orgulho estava ferido. Vingança era necessária. Toda essa farsa chega a um ponto irreversível e o que sobra a Ramón é aceitar a situação e tentar sentir a sede da vingança.
O acusado do assassinato é Cigano. Forasteiro que é apaixonado por Gabriela, mulher casada, e não sabe de toda a expectativa de uma cidade em ver seu corpo alvejado para justificar a morte de uma inocente.
O olfato faz parte da história. Está em todos os lugares. No cheiro do cadáver, dos habitantes castigados pelo sol, das refeições preparadas diariamente. Havia um aroma de vingança no ar. O medo aguça os sentidos e Ramón percebe o aroma cada vez mais forte das coisas ao redor.
Arriaga disse em Parati que a literatura é uma luta contra a morte. Já percebo uma fixação do autor pela morte em todos os seus trabalhos. Quando comprei o livro pensei que iria encontrar histórias fragmentadas e interligadas. Não. Trata-se de um história ambientada no interior do México e mostra como o mesmo é retrógrado e preconceituoso. Não muito diferente do Brasil.
Só me assustei com o final. Meio abrupto. Acabou estranho. Até achei que faltavam páginas no meu livro ... mas não.
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